E demais autoridades que compõe a mesa,
Senhoras e Senhores e demais formandos, Boa Noite.
Hoje é um momento de celebração, onde a conquista do
tão almejado diploma torna-se plena... Chegamos ao final de mais uma longa
jornada. Foram quatro anos de esforços e algumas renuncias, que hoje se
misturam a um sentimento de imensa alegria e emoção, pois durante esse tempo,
vivemos intensamente nossa graduação, percorrendo os caminhos do ensino, da
pesquisa e da extensão.
Chegamos pequenos, minúsculos nesse universo de
conhecimento, ávidos por novas descobertas e grandes desafios, porém, com os
pés no chão, cientes das deficiências e limitações existentes, mas esperançosos
de que o curso de geografia nos oferecesse mais que pudéssemos almejar. De
fato, jamais imaginaríamos estudar matemática, química e física num curso da
área de humanas, e tudo isso, logo no primeiro semestre!
Era uma confusão de teorias, fórmulas e conceitos que
nos deixou desorientados, onde o espaço, o território a região e o lugar
pareciam ter o mesmo significado, e nessa babel geográfica nos deparamos com
Milton Santos, o santo esclarecedor de todas as nossa dúvidas e apaziguador da
crise pela qual todo aspirante a geógrafo passa. Tudo isso aliado a um
turbilhão de disciplinas com nomes difíceis, como astrogeofísica, geoquímica
para ambientes exógenos e até Aerofotogrametria e fotointerpretação. E foi
assim, perdidos entre os estudos, filas de xerox, apresentações de seminários
que encontramos na vida acadêmica, coisas que nos cativaram fortemente a alma.
A importância de aprender e ensinar reciprocidade, o valor de discutirmos e
discordamos das nossas ideias, a habilidade de conviver com a divergência de
opiniões, interesses e ideais, tudo isso contribuiu para que a turma, até então
de desconhecidos fosse se afinando e se afirmando enquanto colegas... Então,
olhamos ao nosso redor e percebemos que muitos desses colegas ficaram no meio
do percurso.
Sem desanimar, com todas as perdas que se sucederam
demos continuidade a nossa jornada, pois o jeito era respirar fundo e passar
noites acordados estudando e fazendo trabalhos que nos preparavam para sermos
os profissionais que hoje somos.
As dificuldades foram muitas, mas a vontade de ser
geógrafo, e geógrafo pensante, crítico, atuante e protagonista da mudança que
queremos em nossa sociedade nos fez a cada dia sair de casa com a missão de
compartilhar e construir conhecimentos. E acredito que foi nesse momento de
nossa trajetória acadêmica, que tivemos a audácia de nos Apaixonar. Seja por
nosso curso, pelas atividades desenvolvidas, pelas pessoas que aqui convivemos,
ou simplesmente por pensamentos e ideais que aqui aprendemos.
Essa jornada foi repleta de vitórias, avanços,
maturidade e consciência do papel que assumimos dentro da nossa sociedade,
sendo reflexo clarividente do alto grau de idealismo, coragem e perseverança
que norteou nossa trajetória ao longo desses últimos anos.
Mas na medida em que nossos conhecimentos geográficos
iam aumentando, nossa visão de mundo ia se ampliando e novos horizontes
abriam-se a nossa frente, nos levando a alçar vôos mais altos para lugares cada
vez mais distantes, especialmente através das inesquecíveis viagens de campo,
tão importantes a nossa formação, onde aprendemos, sobretudo, a questionar o
mundo em que vivemos, procurando respostas e soluções para os problemas que
assolam a sociedade, agregando valores que extrapolam os limites do
conhecimento técnico adquirido em sala de aula.
E o que dizer das viagens gastronômicas proporcionadas
pelo nosso RU? Muitas das importantes discussões aconteceram entre o barulho
dos talheres e das bandejas, principalmente quando tentávamos adivinhar o sabor
do suco que era servido, que tinha cor de morango, aroma de graviola e sabor de
caju...
Mas não só de viagens vive um universitário. Como
qualquer curso da área de humanas, as obrigações acadêmicas vão se acumulando
com a mesma velocidade que os prazos para entregar os fichamentos, resenhas e
relatórios vão se esgotando e ainda assim, sobrava um tempinho para encontrar
os colegas das bases de pesquisa pelos corredores para colocar nossas
“angústias acadêmicas” em dia. E foi assim, que reconhecemos amigos,
estreitamos laços, muitos dos quais permanecerão para toda vida.
Mesmo quando tudo parecia cinza, triste e desolador,
caminhar pelos corredores e caminhos arborizados do campus era reconfortante. O
vai e vem de pessoas dos mais diversos cursos, cumprimentos, acenos e encontros
inesperados... era a vida em movimento ao nosso redor.
Afinal, o lugar onde passamos a estar na maior parte
do tempo foi a Universidade. Minha casa, nossa casa, nestes inesquecíveis anos,
que de tanto demorarem acabaram passando rápido demais. Esta é a impressão que
tenho agora, quando olhos para vocês, meus amigos, hoje colegas de profissão.
Enfim, vencemos muitos obstáculos, noites perdidas, passeios e férias adiados.
Vivenciamos experiências que envolviam todos os tipos de situações: das alegres
às tristes, das cômicas às trágicas, das corriqueiras às surpreendentes. Tudo
para finalmente tomar posse daquilo que nos pertence.
Que tenhamos em mente que nenhuma turbulência deverá
afastar-nos dos valores sociais do trabalho. Nenhuma tempestade, nem mar
revolto deverão desviar-nos do desempenho digno de nossas atribuições. Sejamos
críticos contumazes dos nossos atos para que nunca nos afastemos dos nossos
objetivos... Somos Geógrafos, admiradores da diversidade e detentores de uma
consciência peculiar sobre as coisas!
E dito isso, não podemos esquecer de agradecer aos
nossos professores, aqueles que foram responsáveis diretos pela nossa formação.
Seria injusto de nossa parte não elegê-los imprescindíveis coautores dos bons
frutos que produzimos ao longo de nossa caminhada acadêmica.
Além deles, agradecer a nossos familiares e amigos, a
quem devemos toda dedicação, paciência e carinho nos momentos mais oportunos.
E
quanto a nós, devemos pensar que vencemos uma etapa, mas que o jogo ainda não
acabou... esta caminhada termina para que se possa fazer um novo começo, e
podem ter certeza que sentiremos saudades do percurso.
A partir de agora, cada um seguirá o seu caminho.
Caberá a cada um daqui para frente a responsabilidade de transformar essa
sociedade para que seja mais competente, equitativa e com mais qualidade de
vida. E que esta cerimônia de formatura não represente uma despedida em nossas
vidas, e sim a reafirmação do alto grau de comprometimento que temos para
conosco e para com a sociedade, pois hoje somos gigantes, crescemos durante o
percurso e aprendemos com nossos erros...
Caríssimos colegas formandos, mentes iluminadas do
hoje para o amanhã, nosso futuro não começa hoje... ele vem sendo escrito por
nós, desde a escolha da geografia como profissão, e que essa decisão tenha sido
o primeiro passo de um futuro brilhante em nossa carreira profissional.
Enfim, que nossa caminhada não se encerre, que
possamos a partir de hoje olhar para trás e ver que a parte mais árdua do
caminho já se perdeu de vista. Não sejamos apenas mais um elemento da paisagem,
pois se o mundo não para de girar, que nós não descansemos em nossa missão de
fazer deste mundo, um mundo melhor.
Que
Deus abençoe a cada um de vocês!
Obrigada!