Olá pessoal, tudo bem?
Hoje trago a resenha de um livro que desde que o vi na turnê Intrínseca me despertou um verdadeiro fascino pela premissa dele e assim que pude comprei. Eu deveria ter lido ele durante a Maratona de Inverno, mas por ser muito longo, acabei não tendo tempo para iniciar a leitura e a oportunidade veio agora. Vamos saber mais sobre ele.
Título: Toda Luz Que Não Podemos Ver | Autor: Anthony Doerr | Ano: 2015 | Gênero: Drama, ficção | Editora: Intrínseca |
Avaliação:
O livro conta duas histórias distintas, a de Marie-Laurie e de Werner, dividido em vários períodos que se intercalam, desde 1934 até 2014, contando desde a infância de nossos personagens até o ápice da guerra, quando eles se encontram.
“Abram
os olhos e vejam o máximo que puderem antes que eles se fechem para sempre.”
Marie-Laure é uma garota francesa que ficou cega aos seis anos e vive com seu pai, um chaveiro do museu de história natural e que constrói para a filha a maquete do bairro onde moram, a fim de ensiná-la a ser independente. Quando a guerra começa, eles se mudam para cidade fortificada de Saint-Malo no norte da França, onde o pai de Marie-Laure carrega consigo um valioso - e perigoso - tesouro.
“Ela
caminha como uma bailarina calçando sapatilhas, os pés tão articulados quanto
as mãos, uma pequena figura cheia de graça se movendo no meio da neblina.”
Werner é um garoto alemão, órfão que vive com sua irmã em um orfanato em uma região de minas. Sempre muito curioso, ele encontra um velho rádio quebrado e a partir daí começa a escrever sua história, consertando e estudando as peças e engrenagens que tornam aquele objeto tão fascinante. Logo ele é levado para a escola alemã de formação de soldados e passa a trabalhar com um professor em uma laboratório desenvolvendo suas habilidades de engenheiro elétrico.
“Ele
tinha uma presença tão apagada. Era como estar em uma sala com uma pena. Mas a
alma dele brilhava com uma bondade fundamental.”
A sinopse nos oferece uma visão geral da história, mas é preciso ler para conseguir se aprofundar em cada detalhe colocado pelo autor. Por ser uma história longa que perpassa tantos anos é de se imaginar que em alguns momentos a narrativa se arraste e acabe cansando o leitor. Porém, isso não acontece, pois a cada virada de página a gente quer ler cada vez mais, não apenas pela história em si, mas pela forma que o autor a conduz.
“A
própria vida de qualquer criatura é uma centelha que logo se esvai em uma
escuridão impenetrável. Essa é a verdade de Deus.”
O pano de fundo é a Segunda Guerra Mundial e apesar de toda a carga que o tema traz, Anthony Doerr consegue transformar as passagens mais sombrias como se fosse uma ópera, de forma intensa, mas poética, lírica e muito comovente, mostrando o sofrimento provocado pela guerra em todas as suas vertentes. Ele não foca apenas no sofrimento dos judeus, como muitos livros sobre a guerra, mas nos civis e também nas crianças alemãs que foram transformadas em soldados, nas pessoas que foram presas e escravizadas, naqueles que tentavam de alguma forma lutar pela paz.
“Rádio:
ele une milhões de ouvidos a uma única boca. Pelos auto-falantes espalhados por
toda a Zollverein, a voz sincopada do Reich cresce como uma árvore impassível;
seus súditos se inclinam em direção aos seus galhos como se fossem em direção
aos lábios de Deus.”
Eu fiquei realmente encantada com a escrita do autor, cheia de metáforas, repleta de detalhes que conferiram ao enredo uma atmosfera de fantasia, especialmente ao contextualizar a forma como Marie-Laure "enxergava" o mundo, através dos sons, dos cheiros e do toque, de coisas que nós não somos capazes de perceber com os olhos.
“Não
basta apenas fechar os olhos para tentar descobrir o que é a cegueira.”
Os personagens secundários são riquíssimos, cada um deles com seus problemas, seus medos e suas histórias pessoais que tornaram a leitura ainda mais interessante. O autor não desperdiçou criatividade em criar cada um deles e, além dos protagonistas, cada um possui uma vida independente que ao final, se volta ao contexto da trama para fechar o livro.
“O
que a guerra faz com os sonhadores?”
Apesar de tudo isso, acho que criei muitas expectativas com o final da história e apesar de ter sido completo, redondo, me decepcionou um pouco. Talvez por eu esperar algum acontecimento fantástico, ou uma reviravolta que mudasse alguns acontecimentos, o desfecho se desenrolou de uma forma muito normal, sem rodeios, sem surpresas, apenas acabou. Feliz? Não para mim.
“Se
os mortos marchassem em fila indiana, por onze dias e onze noites eles
passariam pela nossa porta.”
Outra coisa que me incomodou foram os erros de revisão que começaram a surgir do meio pro final do livro, que não atrapalharam a leitura, mas ficou parecendo que o trabalho do revisor foi decaindo com o passar das páginas, como se ele tivesse se cansado e deixado de revisar algumas páginas. Fora isso, a edição é linda, bem simples, mas com letras em bom tamanho, páginas porosas e amareladas, uma capa linda que remete bem a história. Um livro quase perfeito.
Bom, é isso. Gostaria de ter trazido uma resenha 100% positiva, mas algumas coisas deixaram a desejar tanto na edição como no enredo. Ainda assim, recomendo muito a leitura, me peguei encantada com a escrita e com os detalhes da história, ela realmente encanta.
Essa resenha também estará disponível no Skoob e no Orelha de Livro.
Até a próxima!!!