novembro 19, 2015

Resenha de Filme: O Corte

Olá pessoal, tudo bem?
Eu não iria postar essa resenha aqui, mas como a escrevi para um trabalho da faculdade, achei que seria interessante tratar desse tema, que é bem atual, tanto que trouxe uma discussão muito boa para a disciplina de psicologia.



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O corte, filme francês lançado no ano de 2005, retrata uma realidade muito dura e muito atual, em tempos de crise econômica mundial que é o desemprego, onde Bruno Davert, um experiente executivo do ramo do papel se encontra desempregado há mais de dois anos e vendo toda sua vida declinando, em meio entrevistas mal sucedidas, currículos negados e uma grande concorrência para retornar ao mercado de trabalho, ele elabora um plano um tanto macabro para literalmente, eliminar todos aqueles mais qualificados que ele para ocupar a vaga mais disputada do ramo.

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O plano de Bruno é ousado, mas bastante simples, ele descobre quem são seus concorrentes e com arma em punho vai mata-los um por um, até que ele seja o único candidato a altura da vaga almejada. Porém, durante a execução do seu plano a trama se desenrola de forma que percebemos outros pontos de vista, tendo em vista que a qualidade de vida caiu, pois sua esposa, apesar de trabalhar em dois empregos não ganha o suficientes para manter o padrão de vida que a família possuía. Isso gera efeitos colaterais, como a precarização das relações familiares, onde a falta de atenção à família, leva a esposa a traí-lo e em seguida, seu filho adolescente passa a roubar. Nesse ponto, vemos que Bruno, já está tão comprometido em seu conflito interno, que se torna inescrupuloso, ocultando provas que podem incriminar seu filho e a não se importar com a traição da esposa.

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Além disso, o filme retrata sutilmente, pontos que expressam a situação social em meio ao problema do desemprego, como as imagens de consumo que surgem como mensagens subliminares, demonstrando que nosso personagem não faz mais parte desse seleto ciclo que consegue consumir bens não essenciais, como a TV por assinatura, por exemplo.

Mas, o que mais chama atenção, é o enfoque na precarização do trabalho, ao observar que aqueles concorrentes, que logo serão assassinados, mesmo possuindo alta qualificação, acabam se sujeitando a empregos de segunda categoria, tudo pela sobrevivência. Ao passo que Bruno Davert, se recusa a buscar uma vaga que não esteja de acordo com sua qualificação e cego pela ambição, acaba se tornando alguém sem ética, usando de maneiras totalmente escusas para conseguir voltar ao mercado de trabalho, o qual considera sua vida.

“meu trabalho é minha vida. Se tiram meu trabalho, tiram minha vida”

É difícil imaginar que alguém seja capaz de cometer tamanha atrocidade, mas não podemos negar que o desespero leva as pessoas a cometerem muitas loucuras, e como o desfecho do filme coloca, Bruno Davert não foi o único que teve essa ideia.

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A crítica que pode ser feita em relação a situação do personagem é a de que sua autoestima está tão comprometida após o tempo de desemprego, que ele já não consegue se reerguer e lutar por mais qualificação, por melhorar seu currículo ou sua apresentação pessoal, algo que o faça se destacar, ele simplesmente busca o caminho mais “fácil”, ele desiste de fazer o certo e passa a burlar todos os preceitos éticos que impedem que todos nós cometamos os crimes que ele comete em nome de uma vaga de emprego.

Bom, não sei se o texto ficou com o mesmo teor que coloco nas resenhas normais, por ser um texto acadêmico, mas espero ter conseguido passar, pelo menos, a mensagem do filme. E que vocês tenham gostado.

Até a próxima!
 
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