Ventos do Outono: Resenha: Surpreendente!!!

Então, é natal...

Hoje o dia não poderia ser mais especial, Jesus Cristo, Eu e minha linda cidade Natal fazem aniversário, e já que quem ganha o presente sempre são vocês, a resenha de hoje não poderia ser outra, senão de um dos melhores livros que li esse ano.

Tudo bem, eu sou suspeita para falar sobre os livros do Maurício Gomyde, afinal, acho que sou a maior entusiasta do seu trabalho e é incrível como ele se supera a cada novo lançamento. Surpreendente! é a prova de que um título pode dizer tudo sobre a obra.

Sinopse: Pedro Diniz tem um desafio e um problema pela frente. O desafio: filmar um roteiro magnífico capaz de surpreender o público e conquistar o maior prêmio do cinema brasileiro. O problema: não ter ideia de como fazer isso. Aos 25 anos, recém-formado, Pedro está convencido de que é um sujeito muito especial, que tem a missão de usar o cinema como instrumento para melhorar o mundo. Diagnosticado na adolescência com uma doença degenerativa que o condenaria à cegueira, ele contraria a lógica da medicina quando a perda de sua visão estaciona de forma inexplicável. Enquanto comanda o último cineclube de São Paulo e trabalha em uma videolocadora da periferia, Pedro planeja seu próximo filme, a obra que vai consagrá-lo. E, para animar as coisas, conhece a intrigante Cristal, uma ruivinha decidida, garçonete e estudante de física nuclear, que mexe com seu coração. A perspectiva idealista de Pedro, porém, sofre sérios abalos. Atormentado por um segredo, ele parte com os amigos Fit, Mayla e Cristal numa longa viagem até Pirenópolis, em Goiás, a bordo de um Opala envenenado. Com câmeras nas mãos e espírito de aventura, a equipe técnica improvisada está disposta a usar toda a sua criatividade na filmagem feita na estrada ao sabor de encontros inesperados e de sentimentos imprevisíveis. E o jovem cineasta descobre que, quando o destino foge do script, nada supera o apoio de grandes amigos.

Fazia tempo que não favoritava um livro e já estava começando a achar que nenhuma leitura me emocionaria tanto quanto meu último favorito: A Máquina de Contar Histórias, do mesmo autor... Coincidência? Eu duvido, pois o Maurício Gomyde com certeza possui a fórmula mágica para inserir em seus livros tudo que precisamos para nos apaixonar por suas histórias. Eu já não tenho dúvidas de ele é o melhor escritor nacional contemporâneo, e eu nem precisei ler todos os outros.

“Talvez ele se enganasse, talvez acreditasse que a genialidade de uma instante de inspiração pousaria sobre sua mente e tudo seria revertido como mágica.”

Bom, como a sinopse conta, Pedro é um milagre da natureza e tenta retribuir ao mundo sua sorte através do cinema, e tudo parece correr muito bem até que o mundo vira de cabeça para baixo e ele se vê no fundo do poço. Mas antes disso, ele precisa dar a última cartada e vai fazer a viagem da sua vida, junto com as melhores companhias possíveis. E nessa viagem, ele vai descobrir o valor da amizade, e de outras coisas que vocês terão que ler para descobrir.

“Nossa vida é feita de momentos esquecíveis, entremeados por pouquíssimo inesquecíveis. Por que não darmos a nós mesmos o presente de tentar viver um inesquecível?”

Ai gente, eu sou muito suspeita para falar sobre um livro do Maurício, pois ele escreve de uma forma tão delicada, tão repleta de emoções que a gente parece sentir em cada palavra todos os sentimentos dos personagens, sempre complexos, bem construídos e cheios de personalidade, é impossível não se apaixonar pelo Pedro, mesmo quando tudo parece sombrio em sua vida ele é encantador. O Fit, seu amigo, é a melhor pessoa, um amigo único; Mayla a supercriativa e Cristal, a ruiva que rouba a cena em vários momentos do livro e nos encanta com seus olhos cor de chartreuse.

“E se uma pessoa passar toda a existência sem fazer algo realmente excepcional por um amigo, a vida não terá valido a pena...”

O livro é cheio de clichês, de frases prontas tiradas de filmes, trilha sonora impecável, em uma verdadeira road trip que nos leva a conhecer o interior do Brasil com o olhar de um cineasta e a empolgação de um mochileiro. E o que descobrimos durante essa aventura vai além das paisagens e da proposta que leva os quatro amigos a essa viagem... O segredo que Pedro guarda vai levá-lo a fazer uma autoavaliação de suas atitudes, de sua vida e do seu futuro, é o momento em que a trama chega ao seu ápice e parece que nada mais pode acontecer.

“Preciso que ela continue acreditando na minha teoria de que o cinema, a música boa e a literatura são instrumentos da Santíssima Trindade para salvar o ser humano da derrota como espécie.”

Ao final, o livro fecha com seu final feliz (?)... bom, há coisas que não se pode mudar, senão o livro teria outro título. E o que nos surpreende não é apenas o filme que resulta da trajetória de Pedro, mas a vida, que proporciona momentos tão especiais aos nossos personagens, cada um a sua maneira, cada um com seu propósito e objetivo. O livro nos oferece lições, dicas de filme, de música, e nos apresenta a riqueza das artes e importância de buscar conhecer-se a si e ao mundo, conhecer as pessoas, suas atitudes e motivações, bem como aquilo de melhor que cada um guarda dentro de si, algo que ninguém pode tirar.

“Com as roupas encharcadas, braços abertos e a câmera subaquática na mão direita, ele assumia a um só tempo os papéis de diretor, cameraman e ator, para registrar a selfie que eternizaria os últimos instantes de seu mais ambicioso projeto.”

Por alguns momentos me faltaram palavras para descrever o que encontrei no livro e que traz em sua trama todos os elementos que eu procuro em uma leitura perfeita: Aventura, romance, drama, comédia... E mais uma vez, o autor insere elementos que enriquecem muito suas histórias, relações familiares e de amizade, coisas que tornam o enredo recheado de emoções que nos cativa e nos levam as lágrimas, aos sorrisos e àquela sensação de perda quando o livro acaba.

“Transforme suas limitações nas mais incríveis novidades e contamine de beleza tudo ao seu redor.”

A Intrínseca é sempre maravilhosa em suas edições e essa não poderia ser diferente: A capa em um azul muito chamativo, com letras garrafais e um olho turco que diz muito sobre a história e o personagem. Páginas amareladas, letras em bom tamanho, nenhum erro de revisão e detalhes simples, mas que conferem a essa edição uma qualidade ímpar ao livro.