maio 29, 2014

Dia do Geógrafo

Em homenagem ao dia do Geógrafo, resolvi postar o meu discurso quando me formei bacharel em geografia pela UFRN, no ano de 2012 e fui a oradora. Espero que gostem!


Senhora Professora Ângela Maria Paiva Cruz – Magnífica Reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte;
E demais autoridades que compõe a mesa,
Senhoras e Senhores e demais formandos, Boa Noite.

Hoje é um momento de celebração, onde a conquista do tão almejado diploma torna-se plena... Chegamos ao final de mais uma longa jornada. Foram quatro anos de esforços e algumas renuncias, que hoje se misturam a um sentimento de imensa alegria e emoção, pois durante esse tempo, vivemos intensamente nossa graduação, percorrendo os caminhos do ensino, da pesquisa e da extensão.
Chegamos pequenos, minúsculos nesse universo de conhecimento, ávidos por novas descobertas e grandes desafios, porém, com os pés no chão, cientes das deficiências e limitações existentes, mas esperançosos de que o curso de geografia nos oferecesse mais que pudéssemos almejar. De fato, jamais imaginaríamos estudar matemática, química e física num curso da área de humanas, e tudo isso, logo no primeiro semestre!
Era uma confusão de teorias, fórmulas e conceitos que nos deixou desorientados, onde o espaço, o território a região e o lugar pareciam ter o mesmo significado, e nessa babel geográfica nos deparamos com Milton Santos, o santo esclarecedor de todas as nossa dúvidas e apaziguador da crise pela qual todo aspirante a geógrafo passa. Tudo isso aliado a um turbilhão de disciplinas com nomes difíceis, como astrogeofísica, geoquímica para ambientes exógenos e até Aerofotogrametria e fotointerpretação. E foi assim, perdidos entre os estudos, filas de xerox, apresentações de seminários que encontramos na vida acadêmica, coisas que nos cativaram fortemente a alma. A importância de aprender e ensinar reciprocidade, o valor de discutirmos e discordamos das nossas ideias, a habilidade de conviver com a divergência de opiniões, interesses e ideais, tudo isso contribuiu para que a turma, até então de desconhecidos fosse se afinando e se afirmando enquanto colegas... Então, olhamos ao nosso redor e percebemos que muitos desses colegas ficaram no meio do percurso.
Sem desanimar, com todas as perdas que se sucederam demos continuidade a nossa jornada, pois o jeito era respirar fundo e passar noites acordados estudando e fazendo trabalhos que nos preparavam para sermos os profissionais que hoje somos.
As dificuldades foram muitas, mas a vontade de ser geógrafo, e geógrafo pensante, crítico, atuante e protagonista da mudança que queremos em nossa sociedade nos fez a cada dia sair de casa com a missão de compartilhar e construir conhecimentos. E acredito que foi nesse momento de nossa trajetória acadêmica, que tivemos a audácia de nos Apaixonar. Seja por nosso curso, pelas atividades desenvolvidas, pelas pessoas que aqui convivemos, ou simplesmente por pensamentos e ideais que aqui aprendemos.
Essa jornada foi repleta de vitórias, avanços, maturidade e consciência do papel que assumimos dentro da nossa sociedade, sendo reflexo clarividente do alto grau de idealismo, coragem e perseverança que norteou nossa trajetória ao longo desses últimos anos.
Mas na medida em que nossos conhecimentos geográficos iam aumentando, nossa visão de mundo ia se ampliando e novos horizontes abriam-se a nossa frente, nos levando a alçar vôos mais altos para lugares cada vez mais distantes, especialmente através das inesquecíveis viagens de campo, tão importantes a nossa formação, onde aprendemos, sobretudo, a questionar o mundo em que vivemos, procurando respostas e soluções para os problemas que assolam a sociedade, agregando valores que extrapolam os limites do conhecimento técnico adquirido em sala de aula.
E o que dizer das viagens gastronômicas proporcionadas pelo nosso RU? Muitas das importantes discussões aconteceram entre o barulho dos talheres e das bandejas, principalmente quando tentávamos adivinhar o sabor do suco que era servido, que tinha cor de morango, aroma de graviola e sabor de caju...
Mas não só de viagens vive um universitário. Como qualquer curso da área de humanas, as obrigações acadêmicas vão se acumulando com a mesma velocidade que os prazos para entregar os fichamentos, resenhas e relatórios vão se esgotando e ainda assim, sobrava um tempinho para encontrar os colegas das bases de pesquisa pelos corredores para colocar nossas “angústias acadêmicas” em dia. E foi assim, que reconhecemos amigos, estreitamos laços, muitos dos quais permanecerão para toda vida.
Mesmo quando tudo parecia cinza, triste e desolador, caminhar pelos corredores e caminhos arborizados do campus era reconfortante. O vai e vem de pessoas dos mais diversos cursos, cumprimentos, acenos e encontros inesperados... era a vida em movimento ao nosso redor.
Afinal, o lugar onde passamos a estar na maior parte do tempo foi a Universidade. Minha casa, nossa casa, nestes inesquecíveis anos, que de tanto demorarem acabaram passando rápido demais. Esta é a impressão que tenho agora, quando olhos para vocês, meus amigos, hoje colegas de profissão. Enfim, vencemos muitos obstáculos, noites perdidas, passeios e férias adiados. Vivenciamos experiências que envolviam todos os tipos de situações: das alegres às tristes, das cômicas às trágicas, das corriqueiras às surpreendentes. Tudo para finalmente tomar posse daquilo que nos pertence.
Que tenhamos em mente que nenhuma turbulência deverá afastar-nos dos valores sociais do trabalho. Nenhuma tempestade, nem mar revolto deverão desviar-nos do desempenho digno de nossas atribuições. Sejamos críticos contumazes dos nossos atos para que nunca nos afastemos dos nossos objetivos... Somos Geógrafos, admiradores da diversidade e detentores de uma consciência peculiar sobre as coisas!
E dito isso, não podemos esquecer de agradecer aos nossos professores, aqueles que foram responsáveis diretos pela nossa formação. Seria injusto de nossa parte não elegê-los imprescindíveis coautores dos bons frutos que produzimos ao longo de nossa caminhada acadêmica.
Além deles, agradecer a nossos familiares e amigos, a quem devemos toda dedicação, paciência e carinho nos momentos mais oportunos.
E quanto a nós, devemos pensar que vencemos uma etapa, mas que o jogo ainda não acabou... esta caminhada termina para que se possa fazer um novo começo, e podem ter certeza que sentiremos saudades do percurso.
A partir de agora, cada um seguirá o seu caminho. Caberá a cada um daqui para frente a responsabilidade de transformar essa sociedade para que seja mais competente, equitativa e com mais qualidade de vida. E que esta cerimônia de formatura não represente uma despedida em nossas vidas, e sim a reafirmação do alto grau de comprometimento que temos para conosco e para com a sociedade, pois hoje somos gigantes, crescemos durante o percurso e aprendemos com nossos erros... 
Caríssimos colegas formandos, mentes iluminadas do hoje para o amanhã, nosso futuro não começa hoje... ele vem sendo escrito por nós, desde a escolha da geografia como profissão, e que essa decisão tenha sido o primeiro passo de um futuro brilhante em nossa carreira profissional.
Enfim, que nossa caminhada não se encerre, que possamos a partir de hoje olhar para trás e ver que a parte mais árdua do caminho já se perdeu de vista. Não sejamos apenas mais um elemento da paisagem, pois se o mundo não para de girar, que nós não descansemos em nossa missão de fazer deste mundo, um mundo melhor.
Que Deus abençoe a cada um de vocês!

Obrigada!


 
© Ventos do Outono | 2016 | Todos os Direitos Reservados | Criado por: Luciana Martinho | Tecnologia Blogger. imagem-logo