maio 03, 2015

A Chave de Sarah

Oi gente, tudo bem?
Estou de volta com mais uma resenha aqui no blog, e devo dizer para vocês que estou muito feliz, pois esse livro estava na minha lista de leitura desde 2012, quando comecei a ler com mais frequência, bem antes de pensar em ter um blog. 


A Chave de Sarah é um dos livros que descobri quando comecei a pesquisar boas leituras. Ele estava numa pequena lista que fiz após pesquisar indicações de livros nos anos anteriores, e após ler a sinopse, logo me interessei pela leitura.

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Sinopse: Julia Jarmond é uma jornalista americana que vive em Paris há 25 anos e é casada com o arrogante e infiel Bertrand Tézac, com quem ela tem uma filha de onze anos. Julia escreve para uma revista americana, e seu editor pede que ela cubra o sexagésimo aniversário da grande concentração no Vélodrome d'Hiver - um estádio no qual judeus ficaram presos antes de serem enviados para Auschwitz. Ao se aprofundar em sua investigação, Julia constata que o apartamento para o qual ela e o marido planejam se mudar pertenceu aos Starzynski, uma família judia imigrante que fora desapossada pelo governo francês da ocupação, e em seguida comprado pelos avós de Bertrand. Ela resolve descobrir o destino dos ocupantes anteriores. É revelada então a história de Sarah, a única sobrevivente dos Starzynski.

Título: A Chave de Sarah | Autora: Tatiana de Rosnay | Ano: 2010 | Gênero: Romance histórico | Editora: Objetiva


Sempre que o tema de um livro é "Shoah" (Holocausto) e Segunda Guerra, imagina-se uma leitura tensa, dramática, difícil. Sim, A Chave de Sarah é um livro muito denso, dramático, carregado de emoções e sofrimento. Porém, ele não trata do nazismo ou do Holocausto em si, ele trata de uma batida policial que aconteceu na França, por franceses - importante frisar - contra os Judeus que vivam naquele país. Esse episódio, conhecido como Vel d´Hiv Raids, aconteceu há mais de 70 anos e levou mais de 13 mil judeus para a morte. Saiba mais aqui. E apesar de tudo isso, essa leitura deve ser lida, sentida e vivida por nós, para que nunca esqueçamos do que aconteceu nesse período. 

Mémoire de la Shoah (memorial do holocausto)
O livro se divide em duas estórias paralelas: uma narrada em terceira pessoa na visão de Sarah, que acontece em 1942 e outra em 2002, narrada em primeira pessoa na visão de Julia Jarmond, intercalando capítulos que contam os acontecimentos do período da guerra, quando famílias foram retiradas de suas casas pela polícia francesa e levadas para um velódromo que existia no coração de Paris, dando início ao drama que perduraria por algumas semanas, antes de serem levados para morrer nas câmaras de gás de Auschwitz.

“Ela tinha uma imagem clara colada em sua mente, como uma fotografia. O rosto pálido de sua mãe, o azul surpreendente de seus olhos. O fantasma de um sorriso.”

A autora narra com maestria cada detalhe desse dia fatídico, (16/07/1942), quando Sarah e seus pais foram levados, deixando seu pequeno irmão Michael, de apenas 4 anos, escondido em um armário embutido na parede, onde ela (Sarah) acreditava que ele estaria seguro até que eles voltassem, e a chave que tranca esse armário a acompanha durante toda sua trajetória. Enquanto isso, Julia Jarmond é uma jornalista que precisa fazer uma matéria sobre esse acontecimento, e durante essa pesquisa, a estória se desenrola até que, em algum ponto elas se encontram. Nesse momento, Sarah parece ter desaparecido para sempre, mas Julia não consegue deixar que sua história desapareça também e continua em sua busca, mesmo que nesse contexto, seus problemas pessoais pareçam maiores que qualquer matéria de jornal.

“Mas seu passado e o passado de sua mãe estavam gravados em mim como tochas flamejantes ao longo de uma estrada escura.” 

É um livro muito intenso, triste, tocante. A cada capítulo há um novo acontecimento que muda tudo, e você ora se sente angustiado, ora aliviado, ora ansioso, e esse clima de tensão e de esperança continuam até o final, onde a carga emocional que acompanha o enredo é muito forte, mesmo depois que a narrativa passa a ser unicamente na visão de Julia - isso por volta da metade do livro - as investigações continuam, pois ainda há muitas pontas soltas a serem remendadas, onde todos os personagens são ricamente construídos, cheios de segredos, de sombras, de angustias... você se vê como parte daquilo, enquanto sofre junto como todos eles.

“A verdade é mais difícil do que a ignorância.” 

Durante a leitura, eu me via chorando, rindo, torcendo e até rezando para que o final da estória de Sarah fosse feliz, e também para que Julia conseguisse desvendar todo o mistério que se formou sobre a família do seu esposo. É claro que eu não vou contar o que aconteceu, porque eu espero que vocês leiam o livro e se sintam como eu me senti durante a leitura. O final é lindo, emocionante, mas não foi perfeito. Talvez porque eu tenha criado muitas expectativas sobre o desfecho e tenha esperado algum milagre, talvez. 

"Zakhor. Al Tichkah. Lembre-se. Nunca esqueça."

Eu só tenho 3 ressalvas a fazer sobre o livro. Uma é com relação a capa, pois eu ainda não consegui ligá-la à imagem ao enredo, me parece mais uma alusão ao filme "A Lista de Schindler", já a capa baseada no cartaz do filme é mais condizente. 

Comparando as fontes 
A segunda é sobre as fontes utilizadas para diferenciar os períodos: no momento atual, a fonte usada é clara e limpa, enquanto que a fonte usada para o período de 1942 é um pouco ilegível. Não que chegue a comprometer o entendimento, mas cansa um pouco. 

E o terceiro, é que a personagem Julia é americana e em varias passagens, ela enfatiza que o governo francês se eximiu da culpa pelo acontecido, como se isso fosse uma crítica ao país, o que para mim, pareceu meio incoerente, visto que os EUA mataram milhares de nativos do seu próprio país, além dos ataques a região do Oriente Médio, não que isso justifique. Só após a pesquisa que fiz na internet, foi que constatei que isso foi um fato marcante, visto que o governo francês omitiu de sua história tais acontecimentos, deixando as gerações seguintes alienadas, sem saber o que de fato havia acontecido. Uma vergonha para o país. Só em 1995 o presidente Jacques Chirac, admitiu a culpa em nome da França.

“Sentia saudade da Torre Eiffel iluminada pontualmente, todas as noites, como uma mulher sedutora adornada de joias que brilhavam.” 

Eu poderia ficar o dia todo falando desse livro, mas vocês iriam se cansar. Então, eu espero que vocês tenham a oportunidade de ler esse livro, pois eu tenho certeza que a autora buscou nos levar para dentro da história, para viver um pouco daqueles dias sombrios e é assim que um livro prova o quanto é bom. Eu devo ter um apreço por dramas, eles sempre acabam sendo meus preferidos.

Espero que tenham gostado da resenha. Não deixem de comentar a opinião de vocês. Se alguém já leu, conte-nos suas impressões.

E não esqueça que vocês podem acompanhar o que estou lendo pelo Orelha de Livro

Até a próxima!
 
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