fevereiro 19, 2016

Distopia

Olá pessoal, tudo bem?
O semestre da faculdade está apenas no começo, deixando margem para que eu tenha tempo de fazer minhas leituras e graças aos céus, o livro Distopia que recebi no Book Tour da autora Kate Willians, chegou na melhor hora possível.


Pois é, eu estou participando do meu primeiro Book Tour e fiquei muito feliz em ter sido selecionada, já que fui parceira da autora ano passado, mas não tive a oportunidade de receber o livro para resenhar durante o período de divulgação do seu lançamento. 

Sinopse: Em uma sociedade governada por militantes, com um sistema incorruptível, as crianças são isoladas no regimento militar aos sete anos de idade e treinadas para serem soldados. Lá, eles aprendem da forma mais cruel a atirar e a matar, perdendo muito cedo a sua inocência. Depois da Grande Guerra, o mundo passou a ser dividido entre governantes e governados e cada um tem as suas dores, suas mágoas e limitações. E o que nos resta saber é: de qual lado você está? Porque no final das contas, não estamos vestidos para lutar... Assim como nunca estaremos vestidos para morrer...
Título: Distopia | Autora: Kate Willians | Gênero: Distopia | Ano: 2015 | Editora: Arwen - Selo Literata


A gente começa a gostar do livro logo pela capa, que traz algumas ilustrações de um cenário desolador, bem característico de distopias, e como o título sugere, é isso que encontramos no enredo, onde uma grande guerra ocorrida no ano de 2016 (pois a história se passa no ano 2064) leva aos governos repensarem a forma como o mundo em si se transformou naquele caos, e na busca por reorganizar social e politicamente os poucos sobreviventes, criam-se zonas (norte, sul, leste e oeste), onde há os governantes - militares e pessoas do alto escalão, e governados - os civis de um modo geral, que virem em extrema pobreza fora dos muros do regimento sem qualquer direito ou chance de ascensão em sua condição social limitada por um sistema incorruptível. E como se não bastasse, cada família deve enviar seus filhos para fazer parte do regimento ao completar sete anos de idade, quando receberão treinamento para se tornarem soldados.

“Um homem só não derrota um exército.”

É assim que conhecemos Thiago, nosso protagonista, Ângelo, Nicolas, Lucas e Anna, crianças que foram separadas de suas famílias e passaram a conviver anos, estudando e treinando para atuarem no regimento. Lá eles recebem roupas, boa comida, lazer, mas também precisam se esforçar ao máximo para serem bons soldados. Porém, continuam sendo crianças e mesmo com todas as dificuldades do treinamento, encontram nos amigos que fizeram uma razão para continuar.

“Não quero ficar preso dentro de um maldito muro ou pior ainda, ser socialmente massacrado fora dele.”

O fato é que o clima dentro do regimento é sempre de tensão, medo e retaliações, pois o Sargento é um homem mau que adora torturar os alunos, colocando-os em situações perigosas e constrangedoras, e é em uma dessas que Thiago conhece Laura, a filha do Coronel Leone, o comandante do Norte - onde a trama se desenrola, que apesar de ser um grande líder, procura manter a harmonia, pois apesar de sua função, ele não concorda com tudo que acontece ali, mas segue todas as leis e regras que estão em vigor há muitos anos. Até que durante um dos treinamentos, alguém é assassinado e a iminência de um golpe de estado mudará toda essa rotina.

“Estavam prestes a destruir tudo o que conheciam para transformar em algo que nem mesmo sabiam o que era.”

Uma das coisas que mais gostei, foram os personagens. Thiago é um garoto inteligente, mas que não é tão forte e ágil quanto seu melhor amigo, Ângelo que traz consigo a dor de ter perdido seu irmão mais velho em uma atividade do regimento, e ele tenta dar seu melhor em memória dele. Enzo é o instrutor do grupo, que conta com vinte alunos, e parece ser o único no regimento que procura ensinar da maneira mais correta, levando em consideração que são apenas crianças e apesar de ser um cara brincalhão, ele é querido e respeitado por todos. Já Laura, é uma garota mimada, mas que sente uma inquietação diante da situação dos governados, especialmente por ter a oportunidade de ver de perto a rotina do regimento durante suas fugidas do escritório do pai.

“Posso ser um deles, mas meu coração não pertence a nenhum dos lados.”

Assim, tendo em vista que a Laura é uma menina que foi criada para ser uma dama e exemplo para todos por ser filha do comandante, que não liga para nada disso e discorda de várias coisas dentro da sua realidade, eu a achei bem mimada e chatinha. E apesar do seu desenvolvimento durante a trama, eu esperava bem mais dela para o desfecho do livro, e isso me incomodou muito, já que toda a trama, de certo modo, foca muito na sua história de vida.

“Viu-se nos olhos da menina e pela primeira vez, sentiu-se bem em ser quem era.”

Outra coisa que me incomodou no livro foi a capa em si. Apesar do capricho que a editora Arwen teve com a edição, cheia de detalhes e capa holográfica, as imagens não condizem muito com o que lemos no livro, ou seja, a autora faz uma descrição superficial do ambiente que está além dos muros do regimento, e a gente fica esperando "visualizar"  as imagens que aparecem na capa, mas nada disso foi detalhado. Porém, nada me incomodou mais do que a quantidade de "olhos revirados", eu já estava de saco cheio de ler isso, poxa, todos os personagens tinham essa mania de revirar os olhos, chegava a ser irritante, como se não houvesse outra forma deles expressarem seus sentimentos.

“Para eles nossa vida não passam de um reality show!”

Eu gostei bastante da forma como a autora conduziu o ritmo da história, focando na situação retratada e não apenas no romance, e apesar de ser uma distopia, a leitura não é pesada, nem densa, mas tive problemas com os diálogos, em alguns momentos estavam um pouco confusos, e também achei que ela se ateve a alguns detalhes menos importantes em detrimento de outros que poderiam ter sido melhor trabalhados, como é o caso da descrição do ambiente pós-guerra. Mas nada disso tira o mérito da leitura, apesar de ser impossível não fazer comparações, especialmente com Jogos Vorazes.

“Não acho loucura acreditar em uma revolução. Acho loucura aceitar que eles decidam por nós.”

A edição, como já falei está linda, a capa, os detalhes entre capítulos. Há uma divisão em duas partes e os interlúdios, que tratam do passado, intercalando com o presente, o que nos ajuda a compreender alguns dos acontecimentos, esse talvez tenha sido o ponto alto do livro. E encontrei alguns errinhos de revisão que pouco comprometem a leitura.

Para quem já leu ou ainda pretende ler, acho que é uma boa leitura, especialmente para quem gosta do gênero. Espero que tenham curtido e não deixem de tecer seus comentários a respeito.

Até a próxima!
 
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