abril 02, 2015

Diferentes

Oi gente, tudo bem?
hoje eu trago para vocês um texto que gosto muito e que tem uma mensagem muito legal. Sendo uma espécie de complemento ao post anterior, que foi a playlist auto-estima.


Eu não queria que essa postagem fosse uma resenha de livro, porque eu queria que vocês tivessem acesso ao texto integral, apesar de ser um livro infantil. Além disso, eu não sei se ele está disponível para venda, pois trata-se de um exemplar pertencente à biblioteca nacional.

Título: Diferentes
Autora: Liana Leão
Ano: 2008
Editora: Elementar
Sinopse: Este livro encerra uma preciosa sabedoria: crescer significa descobrir a realidade em sua variedade infinita e aceitar suas múltiplas polaridades, para depois seguir em frente com alegria e construir sua própria história. Porém a aventura espiritual do texto não termina por aí; ele passa por alusões e sugestões derivadas da sabedoria popular e de grandes mestres que pensaram o mundo - Shakespeare, John Donne, Cervantes, Drummond, Bandeira - , os grandes personagens que inventaram e ousaram.


Como eu já falei, trata-se de um livro infantil, mas a mensagem que ele passa é bem atual e que serve para todas as idades.


Eu estava fazendo uma atividade de extensão numa biblioteca do interior que havia recebido uma grande quantidade de livros novos da biblioteca nacional e me deparei com essa história. Eu gostei tanto, que fotografei todas as áginas, só para ter esse livro comigo. Confiram o texto, é um pouco longo, mas vale muito a pena:


Um dia, a gente aprende que há o preto e o branco e esquece as outras cores do arco-íris.
Aprende que há o alto e o baixo e esquece que há também o médio, e há quem possa voar...
Um dia, a gente aprende que há o gordo e o magro, e o curto e o comprido, e o novo e o velho e o com-brinco e o sem-brinco; e esquece, que entre as pontas há muita combinações possíveis, pois vida rima com variedade e um mundo só de gente espelhada ia ser mesmo uma maçada!
Um dia a gente aprende conceitos e às vezes os transforma em preconceitos, e passa a julgar, a classificar, a apontar as pessoas; Passa a olhar algumas pessoas de cima, e outras, de lado; Passa a não querer escutar alguns e deixa de falar com outros.
E assim, como os macaquinhos que tampam os olhos, a boca e os ouvidos, a gente não vê, não ouve, não vive de verdade o mundo em volta.
Um dia a gente aprende que família é pai + mãe = criança e deixa de observar que há muitas, muitas outras combinações possíveis:
Mãe + criança = família
Pai + criança = família
Irmão + irmão = família
Avós + netos = família
Tios + sobrinhos = família
Amigo + amigo = família
Menino + cachorro = família
Homem + livro + passarinho = família
A gente aprende que o amor é homem + mulher = criança e esquece que pode haver outras, muitas outras formas de amar.
Um dia, a gente descobre que o mundo inteiro é inventado, e que o preconceito é uma jaula que prende o amor.
Se a gente é fanático por um time, perde a paixão pelo futebol.
Se a gente acredita que só o nosso Deus é o verdadeiro, esquece que Ele tem muitas moradas.
Crescer é descobrir que há vários modos de se caminhar pelo mundo e que todos valem a pena!
Crescer é descobrir como conversar com vários tipos de amigos.
Crescer é descobrir que as pessoas vêm em cascas de todas as cores; que um mundo só de cascas pretas, brancas ou amarelas seria muito chato; e que só juntas todas as cascas podem formar um mundo completo e colorido!
Crescer é descobrir que em cada época havia um bonito e uma bonita diferentes.
Que dentes, pintados de preto e perucas pintadas de branco, já foram as coisas mais bonitas do mundo!
E que cada povo tem seus bonitões e suas bonitonas.
Crescer é descobrir que em cada idade se pode ser bonito, e que a verdadeira beleza não se reflete no espelho.
Crescer é descobrir que a gente pode ser diferente. Que a gente pode ser de qualquer cor, e qualquer tamanho, com cabelos curtos, compridos, lisos ou encaracolados ou ter simplesmente carecas iluminadas.
Crescer é escolher usar brincos, ou não; É escolher ter tatuagens e piercings, ou não, é saber que somos mais que nossa aparência.
Crescer é descobrir que há famílias de sangue e famílias de coração, que há irmãos do mesmo pai e da mesma mãe, irmãos só de pai ou só de mãe e irmãos escolhidos por nós.
Crescer é descobrir que podemos torcer por um, vários, ou nenhum time.
Que podemos caminhar pelo mundo no nosso passo, do nosso modo. E assim vamos nos inventando, desenhando um pouquinho de nós a cada dia.
Não precisamos ser o Harry Potter, o Hulk ou o Homem-Aranha, a Barbie ou uma Menina Superpoderosa.
Não precisamos ser o sonho que a mãe sonhou, ou o sonho que o papai, o vovô, a professora, ou até a televisão sonhou pra gente.
Podemos ser cada um o seu próprio sonho que vamos sonhando, cada dia um pouquinho e cada dia diferente.
E todo dia temos a liberdade de mudar uma coisa, grande ou pequena, em nosso desenho.
Crescer é aprender a respeitar a nós mesmos e aos outros, a nossa História e a História dos outros, os nossos sonhos e o sonho dos outros.
Crescer é aprender a respeitar os nossos limites e os limites dos outros, e as nossas impossibilidades e as impossibilidades dos outros. Pois somos todos imperfeitos, demasiado humanos.
Crescer é aprender a respeitar não só quem é parecido com a gente, mas principalmente quem é “estranho”, “estrangeiro”, “esquisito”...
Crescer é aprender a respeitar aqueles que têm outras cores, outros credos, outras necessidades, aqueles que são muito diferentes de nós, mas que, igualzinho a nós...
Se não há comida, sentem fome, se não há água, sentem sede, se faz frio, tremem, se estão tristes, choram.
Crescer é aprender a compartilhar a dor do outro, é ter compaixão e tentar ajudar.
É aprender que “nenhum homem é uma ilha”, que somos um pouquinho do outro que sofre, do outro “por quem os sinos dobram”.
Crescer é descobrir um vasto mundo de Raimundos e de Raimundas, Antônias e Antônios, e Bandeiras e Machados e Rosas. E Clarices (as vezes muito circunspectas).
Mundo de Constanças e inscontâncias e de Pedros e pedras no caminho.
Mundo de Rúbias, Rosas, Violetas e Negras Fulôs, e Alexandres (Grandes, médios e pequenos); e Leopoldinas e Carlotas Joaquinas e Sacis e Curupiras e Anastácias e Sabugosas.
Mundo que gira e roda feito moinho, povoado de escudeiros e cavaleiros Andantes, de sonhadores e de gente que é pé no chão. Mundo de sábios e sabiás, de anjos tortos e mil outros seres voadores.
Crescer é respeitar esse admirável mundo novo, já muito velho, já muito antigo, de Noé e toda a sua arca.
Crescer é ser um pouquinho como os Drummonds, que inventam mundos e assim nos inspiram a desenhar nosso próprio desenho, único, diferente, sem cópia carbono, profundamente original.

Tudo isso, ricamente ilustrado com imagens que refletiam o texto, de forma lúdica e colorida.

Espero que tenham gostado. Espero que sirva como reflexão e que essa mensagem não fique com você. Que ela possa ser espalhada para que todos possam crescer também.

Não deixem de comentar e trazer sua contribuição a essa reflexão.

E não deixem de conferir a promoção de aniversário que tá rolando por aqui.

Até a próxima!
 
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